Visão geral

- Moça...! Moça...! Policial! – Chamei ela repetidas vezes para fazê-la voltar para a realidade, pois parece que ela estava em delírio e não conseguia elaborar nenhum raciocínio. Talvez Hubun fosse mais sensível do que seu tratamento bruto comigo indicava... Eu até posso compreender um pouco como ela deve estar se sentindo. Não é estranho que policiais/heróis se sensibilizem pelos indefesos que eles deveriam proteger. Já eu não carrego o peso de compromisso na minha consciência, afinal ninguém espera que eu me sacrifique por qualquer boa causa, ninguém vai poder me acusar de não ter feito nada a respeito dessa situação, por tanto não estou atordoado por nenhum complexo desse tipo.

Estava já desistindo dela quando me levantei. Então vi que outro mais estava consciente, era o mesmo homem sinistro que havia interagido com Hubun mais cedo. Ela estava prestes a ser atacado por um monstro que se aproximava por costas, quando este saltou sobre o homem esperava que teria uma morte imediata, mas algo aconteceu.

Eu não sei o que aconteceu.

Devo ter piscado os olhos e perdido algum detalhe significativo, mas o monstro foi despedaçado como se fosse uma estátua de sal e suas partículas eram drenadas pelo corpo do homem.

Ela agora falava diretamente com Hubun e me chamava de “amigo” convidando-me a lhe ser prestativo de alguma forma.

Agora eu estava preocupado de estar perto dele. Aquilo só podia ser magia, coisa pesada mesmo, mas parece que isso não é tão chocante para Hubun. E por falar nela, a policial insistia me maltratar.

- Cara, mas que onda é essa? – Eu questionei com olhar incrédulo e com certa injuria de ser ignorado por  Hubun que só voltou a si depois eu o homem a chamou. Mas eu posso deixar isso pra lá, pois o homem é ao menos simpático em me responder diretamente o que está rolando. A explicação dele não era suficiente pra entender, mas isso não era culpa dele, sou eu quem estou mais por fora do que ele poderia prever... Acho que fazer perguntas vai ser inútil.

Não há nada que eu possa fazer, Hubun também parece estar na mesma situação e o que temos é este o homem misterioso que, pelo menos, demonstra alguma simpatia por nós dois. Então eu escolho... Deixa pra lá. Hubun não me deixaria nem opinar e já está me levando a força com ela. Eu ia protestar, mas à troco do que?

Eu realmente lamento por aqueles que ficaram para trás sem socorro, não olhar para os lado ajudava a seguir em frente. Quando eu sair daqui eu vou pensar com mais frieza no que eu devo fazer e eu estou bem confiante de que conseguiremos, todas as criaturas que se aproximam demais são dizimadas pelos poderes do simpático homem que nos escolta, até o momento que os monstros finalmente desistiram e estavam já nos ignorando, preferindo as presas já “servidas” no chão...

Pensar nisso é revoltante, faz minhas pernas parecerem mais pesadas a cada passo que dou, mas devo me concentrar em seguir adiante, onde éramos aguardados.

- Ahh... Esses falam. – Isso me impressiona de verdade. Eles são bizarros, mas falam e isso me parece relevante. Eles estavam lá evidentemente para nos atacar, mas eles pareciam conscientes apesar de robóticos em sua apresentação. Talvez possamos discutir isso com alguma civilidade.

- Hm? – Aquele “canino” estava olhando pra mim. - O que? Eu?! – Mas por que eu?

Não houve diálogo, a criatura simplesmente partiu como uma fera na minha direção.

Eu estou desarmado, mas mesmo que eu tivesse uma arma não poderia usá-la com essas algemas.

Eu sei lutar sem armas, meu estilo de luta é o sambo, mas não é uma arte marcial que prevê um combate contra algo não humano, eu nunca enfrentei nenhuma criatura parecida com aquilo e isso me assusta no primeiro momento, só posso contar com meus instintos.

Em uma situação regular, eu recuaria, essa não é uma opção disponível. As técnicas do sambo não servem para combater animais, mas o treinamento estava enraizado nos meus instintos e eu acabo fazendo uso mesmo assim.

Com um passo para trás, eu firmei minha posição diante da criatura que veio a saltar em minha direção. Eu não tinha recuo, então ao invés disso, num ato muito espontâneo, eu me precipito para frente e deixo a máscara da criatura vir bater contra o topo da minha cabeça com a força do salto que ela própria direcionou a mim.


Acertando ou não, a criatura deverá se desequilibrar por tal investida inesperada da sua “indefesa vítima”. Agora eu pude perceber que lutar contra uma criatura dessa não é como lutar contra um animal, animais são puro instinto e ele só avançam quando estão muito confiantes que suas vítimas são vulneráveis, mas esse tal de Yan tem uma tática lógica e faz o caminho contrário. Ele não ataca assim porque está confiante da minha vulnerabilidade, ele ataca assim porque quer me assustar e assim me tornar vulnerável.

Ele não é o monstrengo que tenta parecer e eu agora estou confiante que posso lutar de igual para igual contra ele se eu não cair na tática.

Enquanto isso alguém parece distraída. Acho que eu impressionei Hubun agora.

- Hei! – O outro monstro que partiu para atacar a detetive tinha uma forma esquisita, mas interessante.

De novo meu corpo acabou se movendo espontaneamente, e me faz saltar empurrando-a com o ombro para desviá-la do ataque furtivo daquela criatura oportuna.


Oh, “fick”...

Aquelas cinco criaturas humanóides mascaradas pareciam mais interessadas em acabar com os magos do que os outros monstros. Assim que havia acabado com um deles queimado, observou que Ophidian atacava também, ela iria lhe ajudar e proteger, de algum modo, sentiu-se confortado em saber que tinha alguém com que podia contar. Distraído olhando-a, só foi perceber que o ser mascarado caía do céu cobrindo o brilho da lua enquanto se apresentava: "Oro, grupo de demolição, soldado do fogo, patente baixa, fiel ao demônio. Eu desafiarei você." Mas que droga era aquela? Pensou, ele estava querendo esmagá-lo, mais que prontamente utilizou suas runas do vento para aumentar sua velocidade e conseguir desviar a tempo.

▬ Om Basara Tamakukkan Yasha Han!

Ao ativar a runa dos ventos, traduzida como "Vento Cortante do Lobo Diabólico", conseguiu se esquivar por pouco do ataque de Oro, que errou e acabou atacando o solo, provavelmente jogando as flores coloridas feitas de papel para todos os lados. Correu para se aproximar da Escrava, se ficasse perto dela e daquele misterioso homem alto, as chances de sair ferido eram menores. Ouvia ele comentar sobre o esconderijo, aquilo era ideal, mas a essa altura, poderia mesmo confiar em alguém ali?

▬ Tudo bem, iremos com você...

Parece que a saída do "evento" foi impedido por um grupo de pessoas, ou algo do tipo. Era inevitável sentir um arrepio correr por seu corpo enquanto encarava aqueles seres se apresentando como o grupo Obelisko. Cerrou o olhar enquanto notava cada um atacando seus possíveis aliados.

"Droga, preciso salvar eles ainda?"

Antes que pudesse pensar em como salvaria ou ajudaria aqueles presentes, a presença da mão da garota era a coisa mais perceptível, talvez ela não soubesse quem ele era e por conta disso, antes dela ao menos notar que os olhos por trás do carmesim óculos, encarava aquela "pata". Na mesma velocidade que o vento se movia, a mão canhota do loiro escapou de seu bolso, indo de encontro com o pulso da garota, segurando-a com certa firmeza, puxando-a para fora daquele portal. A força poderia ser capaz de quebrar o pulso, ao que puxou aquela mão, o corpo da garota haveria de vir junto, o nortenho movimentando os pés, girou em seu próprio eixo para apoiar o corpo da menor em suas costas, usando seu ombro para joga-la por cima do corpo e enfim desce-la em direção ao solo.

— Eu não te disse quem eu sou? Eu sou Elijah Aesland, sua idiota! — O homem sussurrava para aquele corpo que estava sendo jogado. Apenas ela ouviria aquelas palavras. Bem, era um fato que cada um daqueles presentes possivelmente estavam batalhando contra o seu próprio inimigo, não era capaz de ajuda-los sem ferir seus respectivos criados.

— Como ousa? Uma criada sem patente me atacar. Eu sou o rei do North. — Ao que comentava, desta vez em voz alta, era possível notar que sua mão direita sequer saia do bolso, enquanto a canhota parecia estar sendo revestida com alguma energia carmesim que pingava como sangue, esta energia antes de tocar o solo e macula-lo com aquela cor bela e serena, desaparecia e se tornava fumaça, assim como em suas laterais que a energia parecia estar em chamas, mas sem queimar o corpo ou roupa do rei, ela se tornava fumaça que era absorvida pelo corpo do próprio usuário.

"Butcher, fique de olho no poder de nossos aliados. Suas habilidades podem nos ser úteis"

Comentava em seus pensamentos para aquela que se dizia digna de servi-lo tão de perto. O olhar do rei não mudava, estava cerrado porém ainda assim demonstrava tédio perante aquela garota aquática. "Temos que saber mais sobre a dama d'água à quem esta garota serve. Tente descobrir o nome dos reis que os outros servem. Mantenha-se perto."

Comentou novamente enquanto a energia carmesim que contornava o braço do rei começou a ficar instável, oscilando entre, piscando quase como se quisesse chamar atenção. O rei ergueu a mão em direção aquele corpo humanoide. — Diga-me quem é esta dama d'água que eu deixarei você servir a mim como uma lacaia. Ou morra protegendo esta mulher que não parece se importar com seus interesses.

"Butcher, tente ver se alguém mais esta sendo atacado na saída, procure em nossa rota de fuga se existe alguém mais acordado"

Eram muitas tarefas para aquela que se dizia escrava. O próprio rei sabia que não era fácil interrogar alguém e por conta disso, caminhando de forma lenta em direção aquela garota que lhe atacou, o rei moveu lentamente o dedo direito para baixo, e uma espécie de pressão criou em cima do corpo da interrogada, querendo forçar o corpo pequeno dela para o solo.

— Rápido...

— Precisamos pensar em algo...

"Não posso chamar Nekron... Não agora... Não aqui"

— Fogo

Waver estava seguro, aquilo realmente era importante, sair dali e seguir para um lugar seguro e calmo, a ideia agradava a principio e mesmo que eles não fossem confiáveis, ela saberia, ela protegeria a criança que escolheu como seu rei. Mas antes que pudesse falar qualquer coisa, notou o homem gigante pulando em cima do pequeno.

Gritou na mente do menino, antes de perceber que ele havia desviado com êxito e maestria. Seu olhar encheu de ódio e raiva, seus cabelos pareciam flutuar como o próprio vento. Sua energia transparecia a tonalidade alaranjada. — Não toque no meu Waffle-kun... Ele pertence a mim e seu líquido, sua alma, seu corpo são apenas meus e de mais ninguém. 

Os cabelos começavam a se mover, parecia uma investida lenta, lenta o suficiente para não causar qualquer impressão ofensiva a principio. Até que por fim, misturando-se e enrolando um no outro, os fios se tornavam quatro grandes estacas que atacavam o homem, duas brotando do solo em direção às pernas dele enquanto outras duas seguiam para os olhos da máscara.

— Não perdoarei qualquer um que tente tocar meu Waffle-kun!

- Arrrgh! - Eu caio de joelhos na areia sentindo a dor arder na lateral de meu corpo acima da cintura onde fui atingido no lugar de Hubun. Isso DOI! E está sangrando deixando minha roupa marcada.

Eu não devia ser tão imprudente, aquilo podia me matar. Eu espera que ao menos agora eu tenha ganhado alguma simpatia da detetive. Que a propósito...

- Ahm?! - Ela tem jatos nos pés, atira os dedos das mãos como misseis balísticos e solta rede elétrica de sua palma. - Você é uma policial robô?!

O destino deve estar rindo de mim. É por essas e outras que eu digo que não tenho vocação para herói, acabo de arriscar a minha vida para salvar a pele de alguém que não precisava de nenhum resgate e ainda pode ter se sentido atrapalhada pela minha atitude.

- Isso é muita sacanagem. - Mas acho que posso fugir sem culpa agora.

Ah, não. Não vai dar... A rede da policial-robô não prendeu bem aquele monstro, quando olhei pra "Yan" ele já estava solto e pronto pra outro salto. Dessa vez ele vinha rolando como um rolo-compressor coberto por espinho.

Aquilo era bem mais intimidador do que seu primeiro ataque, não vejo agora como contra-atacar com ele nesta forma, não tenho escolhe se não ignorar a dor e começar a correr, ainda que fugir continuava não sendo uma opção. Mas não foi preciso muita criatividade para pensar numa alternativa.

É nótavel que os monstros estavam empenhados em duelar um contra um com os oponentes por eles escolhidos. Yan estava interessado apenas em mim e o magrelo apenas em Hubun, eles não parecem trabalhar em coordenação como uma esquipe, então posso usar isso a nosso favor.

Corro na direção do monstro-vareta enquanto ele está focado em Hubun, eu sei que ele não poderia me ignorar conforme eu estou perto o suficiente para atacar.

Com um breve salto para frente a me impulsionar, eu lhe aplico um forte "sidekick" na altura de seu peito, com sorte de quebrar algumas costelas.


Se isso atingi-lo, ótimo, senão, paciência. Eu devo continuar de qualquer modo e rápido. Eu aproveitarei a proximidade e o empurrarei com meu ombro apenas para desestabilizá-lo e então aplicar um chute rasteiro em suas pernas para  derrubá-lo e lhe deixar vulnerável para o que está por vir.


E o que está por vir é Yan. Logo após esse meu último golpe olharei para o monstro prestes a me alcançar com seu ataque, eu devo esperar até o ultimo momento possível e então rolar para o lado para deixar o ataque de Yan passar por mim para atingir o magrelo.

- So isso?!

Falou em um tom alto e provocativo, queria que ela lhe mostrasse mais. Tudo estava seguindo a vontade do rei carmesim ate o momento, conseguindo desviar o ataque anterior e contra-atacar sua adversaria que, estranhamente, não esboçou nenhuma reação o que soava para Adam como em um tom desrespeitoso que logo fora demonstrado com o olhar faminto, era irritante para o rei acertar o inimigo e não vê-lo sangrar ou ao menos esboçar um mínimo de desconforto, o que não foi o caso. Ouviu bem as palavras ditas por ela, ninguém nunca costumava dizer o que o loiro teria de fazer, por ser um rei ele faria o que quisesse e quando quisesse, por isso aquela mulher estranha o irritou tanto seguido daquela movimentação que não poderia deixar de admirar aquelas habilidades interessantes, chutando o vento que vinha em uma forma cortante e intimidadora soprando parte da areia e papeis próximos para o jovem carmesim. Aquele disco vinha na direção do loiro rapidamente, foi um movimento inesperado e percebeu que não conseguiria desviar, aquela tempestade de areia estava tapando a visão que tentou resgatar com um braço em frente aos olhos. O corte no vento finalmente chegou e fez um corte no peitoral de Adam cortando junto sua camisa, ele fora jogado alguns metros para trás com a força do impacto caindo com as costas na areia.

- Doeu.

Sim, havia doido. Um ato incomum fez com que Adam começasse a dar gargalhadas altas, rindo como um louco que queria chamar atenção, suas risadas lhe deixavam quase ofegante, ecoando por uma distância considerável, queria fazer ao menos uma pessoa ouvi-la, ouvir a risada, que era de dor, raiva, diversão, todos esses sentimentos sendo refletidos naqueles risos que pareciam sem fim, não se lembrava da ultima vez que um oponente o fez cair no chão daquele jeito. Tentou, por alguns segundos, imitar a mulher que enfrentava, tentando ignorar a dor, o desconforto, mas em vão. Tossiu com força propositalmente, um pouco de areia fora cuspida de sua boca e tentou se acostumar com aquela maldita dor do corte. Com pouca dificuldade, o Aesland se levantou com os cabelos bagunçados e tapando partes de seu rosto com algumas mechas, limpou seus lábios sujos de areia com a manga de sua camisa, fora a última utilidade que ela teria já que estava rasgada, desabotoou alguns botões da camisa ate a tira-la completamente, e a atirava para qualquer canto, agora com o corte – não muito grave – exposto. Olhou para a mulher e seus olhos pareciam tingir uma cor diferente, estavam avermelhados como se o sangue fluísse com mais vontade e desespero por combate, pois aquela troca de golpes o excitava a esse ponto.

- O cheiro de sangue é o meu perfume favorito.

Falou em sussurros começando a dar inicio para algo, o sangue que escorria pela ferida de Adam mudava de densidade  parecendo estar se fundindo com o ar, se existissem nuvens vermelhas certamente seriam semelhantes áquilo. Sem nem precisar se mover, o ar impregnado com o sangue do Aesland começou a se espalhar por toda aquela área, como se o rei fosse um câncer, e aquele lugar inteiro fosse o órgão que atacava, as bolhas minúsculas de sangue estavam colorindo aquele lugar todo de vermelho como as gotas de chuva que flutuavam. O olfato do jovem carmesim finalmente pudera apreciar do aroma do sangue, parecia virar uma névoa quanto mais se expandisse e, finalmente, englobasse a área onde todos lutavam, era por aquela cor carmesim no ar que Adam atacaria não só o seu oponente como o dos outros, mas, por sua vontade, seu pai, sua escrava e seus possíveis aliados não sofreriam dano algum.

- Sintam a sublimidade de um sangue real!

Quis transpor autoridade com aquelas palavras que foram ditas quase com um grito. Apesar de ter começado a revelar algumas de suas “cartas” ainda não tinha terminado com sua jogada, e era isso que significava aquela batalha para aquele homem, apenas um jogo. Esperando que sua oponente estivesse distraída o suficiente com todo aquele avermelhado no ar, foi quando avançou rápido apenas para se posicionar em um ângulo bom o suficiente, foi quando crescia uma unha afiada e carmesim no indicador, o mesmo que foi apontado em direção a aquela mulher terrestre, e fora disparada como uma agulha penetrante que percorria furando o ar tentando acertar seu coração.

Parecia uma briga de cão e gato, ela não era uma predadora, tão pouco uma lutadora boa o suficiente para desafiar o rei que ao notar as mãos da mulher aparecerem, novamente não precisou de muito. A mão que estava em seu bolso foi direto para o pulso dela enquanto a que estava em chamas carmesim com aquele poder foi para o outro pulso, puxando-a pelo próprio portal dimensional, forçando então minha cabeça ir contra a dela, sem quebrar ou derrubar seus próprios óculos. O impacto e a força do golpe foi tão potente que faria a garota ir novamente para o chão.

— Fique no chão, garota. Se eu quisesse te matar, você já estaria morta.

Sentia em seus lábios um gosto de ferrugem, procurou com a língua o interior de seus lábios alguma gotícula do próprio sangue, mas não, aquele gosto, aquele cheiro não eram do seu sangue e sim do sangue de seu filho. Olhou por cima do ombro enquanto encarava aquela cena. Ele parecia estar se divertindo com a batalha.

"Digno de Valhalla... Digno de meu reino e meu sangue"

Ele pensou sem perder o foco da própria luta, na verdade, aquilo já estava muito cansativo. Precisava retornar o mais rápido possível para onde estava, retornar para sua casa e re-ver o que estava acontecendo. 

— Você esta me fazendo perder tempo. Eu não tenho tempo para essa brincadeira.

Ao dizer isso, era possível notar uma mudança no céu, este que parecia trovejar o suficiente para causar estranheza nos demais presentes. Porém não era iluminado por aquele show de luzes, cada trovão tinha uma coloração enegrecida.

"Liljah... Me perdoe por usar isso"

Pensou, realmente sua irmã odiava aquele poder, ela dizia que as cores não eram belas e ainda assim, aquele poder não era para alguém como seu irmão, pois não apenas fazia um tributo às divindades malignas, mas também convocava aqueles deuses para essa terra. Os trovões davam vida a "uma criatura", seus olhos brancos e corpo negro, aquele poder era realmente perigoso. Uma cobra? Sim, uma cobra gigante descia do céu em direção ao inimigo de Elijah.

— E enfurecida, a cobra não mais segurará as ondas. E elas invadirão nossas praias e derrubarão nossos barcos. 

Sussurrou, seu filho que estava mais perto poderia ouvir aquelas palavras, e assim se fez. A cobra ao descer em direção aquela criatura não apenas afim de eletrocuta-la, mas trazia consigo a umidade das nuvens em formato de torrentes de colunas aquáticas que revestida com o negro, eletrificava a mulher.

Estava seguro já que havia desviado e agora Ophidian tomava à frente para lhe defender. A atenção de Oros vou desviada para a escrava, observou que o palito do peixe frito acertou o braço daquela criatura humanóide, mas aquele ataque não tinha causado grandes danos, mas ficou surpreso com as palavras dela, estava sendo tão protetora e talvez um pouco possessiva, mas corava ao pensar que ela se importava consigo.

— Tome cuidado com ele!

Alertava, não sabia bem o que podia fazer para ajudar, os outros reis/mestres estavam lutando contra aquelas criaturas junto a seus escravos/servos, não queria ficar sendo inútil no meio da guerra, caso isso já fosse a guerra pelo graal, apesar de parecer mais o apocalipse. Conseguia ver o dano causado no monstro, não era quase nada, se continuassem assim, poderia correr perigo de novo.

— ...Tirou apenas um pouco de dano.

Analisou o adversário, ele parecia ter o corpo revestido por fogo, um ar quente que gerava fumaça saindo das vestes. Olhou para os lados, aquele lugar era um monte de areia para todos os lados que olhasse, os outros monstros continuavam a comer a alma dos humanos desacordados. Viu que Ophidiam transformava seus cabelos em estacas para atacar, foi quando uma ideia surgiu em sua mente, sendo um mago tribalista, abaixou-se e desenhou naquela areia a runa da Terra, usando sua magia para aumentar o poder de ataque e resistência dos cabelos de sua escrava em +20HP.

Tentou esquivar do ataque do grande ser, mas não conseguiu, foi lançada em direção ao chão, afundando um pouco na areia por conta da potência do golpe e do poder inimigo.

— Não tocará no Waffle-kun, eu não permitirei!

Os cabelos começavam a sair da areia para tentar atingir o monstro, uma grande estaca feita dos fios foi em direção ao peito do humanoide.

— Droga.

"sangue?"

D20+7 dano

D20+5 acerto

D20 burn

D20+5 acerto burn

Toda aquela névoa de sangue fez com que um pouco daquele sangue grudasse nos lábios que Adam insanamente lambia de forma ferócia percebendo que a mulher fora, finalmente, incomodada por seu ataque em área que tinha sucedido bem.




Tivera pouco tempo para pensar antes de ser atacado a queima-roupa assim como antes, mas, diferentemente, não pôde desviar. O ataque impulsionou o loiro para trás com força, conseguiu manter o equilíbrio depois de arrastar os pés na areia, que subiam empoeirando o rastro do ataque, fechando um de seus olhos sentindo o que pouco costumava sentir em batalha, a dor.


- Você parece gostar de atacar o meu peito.


Com aquelas palavras ele descontraia um pouco a tensão que o combate o deixava, mas dava créditos a ela por aquele acerto em cheio. Recuperando o fôlego para atacar de novo, percebia, rapidamente, que o campo de batalha logo ao lado estava em um estado totalmente diferente do seu, podia ver seu pai mostrando sua verdadeira força, inspirando o Rei Carmesim a também demonstrar mais da sua.




Questionou-se sobre pai quando começou a correr colericamente em direção a mulher. Seus cabelos eram soprados pelo vento em sua face, as mechas cumpridas se moviam como serpentes ou ondas do mar, e apesar de toda a dinâmica, eles pareciam seguir um ritmo de um som tocado a violino.


- Apenas desista e morra logo!


Ainda com a ira, ele, impacientemente desferiu as palavras para seu alvo, pareceu querer terminar logo com aquela luta que estava ficando cada vez mais entediante para o mais jovem Aesland. O braço direito foi esticado para trás, e na sua mão começou a criar-se uma lâmina cortante de seu próprio sangue que esquentava cada vez mais na batalha. Sua excitação estava no auge, a espiração acelerada e o corpo pingando suor. O sangue finalmente fervia em chamas, aquela espada não só a cortaria, mas queimaria na ferida e o calor se espalharia, a fervendo por dentro.




Estava sorrindo em frente a sua inimiga, desferindo o ataque na vertical e, por conta da velocidade, o corpo de Adam passou direto do dela após tentar cortá-la, ficando de costas. Segurava a espada com ambas as mãos enquanto a franja tapou seus olhos, pingando de cansaço e com o rosto pintado. sujo, por conta das pequenas gotas de sangue no ar que sopraram na sua pele. Virou o corpo de frente para sua oponente para ver o que tinha acontecido.


D20+2 Dano da Espada
D20+3 Acerto da Espada
D20+4 Teste de Burn
D20+4 Acerto de Burn

— Você ainda não aprendeu?

Perguntou ao notar aquela corrente de água vir em sua direção, o homem era praticamente intocável, ele esperava que a energia estivesse no ponto certo, no lugar certo, na distância exata para que, com um golpe de sua mão revestida em energia carmesim, o poder se voltasse contra o atacante.

— Eu já te disse quem eu sou. — Os olhos começavam a brilhar enquanto seus cabelos balançavam e seus pés deixavam o solo, se erguendo como se estivesse voando. — Eu sou Elijah Aesland. — Não se importava mais, aquele poder era o que precisava para matar aquela mulher e causar dano em todos os inimigos ali. — Eu não sinto dor, eu não sinto amor. Eu sou oco... — Respirou fundo, praticamente engolindo palavras que não podia dizer junto a sentimentos que não podia expressar. — E viverei para sempre. 

A nítida criação de "metais" feitos da energia do homem, contornavam o corpo dele, criando uma espécie de desenho solar ao redor do rapaz que começava a girar, demonstrando que ele possuía a manipulação daqueles "itens". Ambas as mãos estavam na altura dos ombros, como se juntasse poder o suficiente para aquele ataque. Descendo então as mãos e com isso o ataque em direção aos inimigos, duas "espadas" em direção a cada um daqueles no campo de batalha.

— Ved min sol, ved mitt lys, av Liljah

Um poder que deixou transparecer a origem divina do rapaz, este que desceu lentamente até tocar o solo novamente, estava triste com o que havia usado, triste com suas palavras sussurradas após o ataque, encarava então seu filho, seu primeiro filho. Seu único membro da família vivo ainda.

"Espero que Liljah esteja vendo isso... Espero que ela não esteja triste. Logo encontrarei você em Valhalla, logo batalharemos ao lado dos deuses... Me espere... Liljah"

Evasiva ao ataque de Hubun e ao ataque de Yan:

D20 + 3

Só depois que eu caí na areia para escapar de Yan fazendo-o se lançar contra o outro monstro foi que a névoa vermelha chegou até mim. Eu estava bem, mas aquela nevoa era nitidamente sufocante para os monstros. Aquilo também era mágica e estou maravilhado com isso.

Esquecendo disso por um momento, eu acabo de mostrar que sou um bom camarada, não sou? Afinal eu ajudei pra valer dessa vez, Hubun deve estar impressionada comigo.

Nossa eu devo estar com um sorriso muito bobo agora, mesmo assim eu não resisto em olhar pra ela pra conferir se ela realmente reparou em como eu sou legal. - "Tá vendo só, você pode contar comigo pra te salvar sempre, donzela. Ha ha ha!" - Não foi nada como eu imaginei. Ela estava boquiaberta, mas não de admiração e sim para disparar fogo como um lança-chamas de sua garganta.

Depois dela atirar seus dedos como mísseis e ter foguetes nos pés, isso não seria muito de se impressionar agora, o que me surpreendeu é que ela estava cuspindo fogo na MINHA DIREÇÃO!

- Ahhhg! - Deve ter sido ridículo a forma como eu rolei pro lado em desespero para escapar. O fogo chegou a tocar minha roupa, mas apagou por eu rolar na areia daquela forma. Isso foi por muito pouco, se eu fosse menos ágil eu poderia estar tão coberto de chamar quando os outros dois monstros.

Oh, os monstros. Eu quase esqueci deles.

Agora eu entendi que ela estava mirando neles, mas é claro que isso não muda a conclusão que tiro da minha situação: Se antes eu tinha duvida de que ela pudesse ser o tipo de policial que não precisa de muito pretexto para matar alguém como eu, agora eu tenho bastante certeza de que ela é vadia desse jeito mesmo.

Não posso me deixar ser capturado por ela. Considerando os tipos de armamento que ela já revelou possuir em seu corpo, imagino que ela deve possuir muitos métodos a escolha para me executar e os caras que estão conosco também parecem ser bem perigosos. Na verdade estou começando a me sentir bem menos seguro agora do quando eu estava no meio do festival quando toda essa loucura começou.

Yan se levanta tão agoniado quanto furioso por causa do fogo que o cobre. Eu gostaria que esse monstro simplesmente desistisse. Eu já estou em plena vantagem, não tem como ele inverter a situação agora e eu também não estaria interessado em persegui-lo se ele apenas fugisse.

Eu me levanto e começo a correr mantendo distancia de Yan e não tem jeito, ele logo vai me alcançar.

A primeira coisa que me passa pela cabeça é de que se eu acabar com meu desafiante antes dos outros, eu estaria livre pra fugir, mas tá claro que isso não vai rolar, muito provavelmente Yan vai ser o ultimo a continuar de pé, ainda focado em me atacar.

É evidente que Yan não é muito inteligente, apesar dele elaborar alguma tática de combate ele não parece ser nada sensato, ele está agindo de forma restrita ao comando de alguém, como um robô faria. Eu não acho que será possível negociar com ele, mas eu lembro do que ele disse logo que apareceu:

"- Ordens recebidas..."

Quer dizer que eles acabaram de receber um comando naquele momento que não havia mais ninguém ali por perto, então o comando foi mandado de forma remota. Talvez quem esteja enviando ordens também está observando, talvez também ouvindo.

- "Fick"! Isso tem dar certo...

Me viro de frente para o monstro quando ele esta preste a me alcançar, no ultimo momento possível eu me abaixo e rolo o corpo para trás de forma a agarrar a criatura com minhas coxas em volta de seu pescoço e terminar o giro ficando por cima deste preso entre minhas pernas.


Ele certamente resistirá, mas não deixarei ser tão fácil.


Mas que muito conveniente que ele tenha a forma de um cão. Se ele fosse humanoide como os outros, eu precisaria das mãos para neutralizar a ação de seus outros membros, mas com ele, suas patas não podem ajudá-lo e eu ainda fico fora do alcance de suas presas.

- Certo, Yan... Ah! Quente, quente... Quieto, cachorro burro! - Estou mesmo irritado aqui. - Você não pode me vencer, mas pode passar um recado, não pode? ... Alguém do outro lado da "linha" estaria interessado economizar minions e colecionar menos inimigos? Porque eu estou fofidamente interessado em uma carona e esse Yan aqui parece servir muito bem como montaria. O que me diz aí, heim?

Me sentia confortável em falar em voz alta, tinha tomado uma boa distancia então não acredito que os outros possam me ouvir. Nesse momento, só quero voltar vivo pra casa e parece que Hubun não ia permitir isso, essa me parece ser a melhor escolha pra mim.

Me julguem como quiser.

Após realizar a magia para aumentar o poder mágico de ataque da serva, estava completamente vulnerável, coo mago, não podia se mover enquanto realizava suas conjurações e feitiços, esta era uma fraqueza natural de um mago do tipo dele. Mesmo com os esforços da escrava em tentar lhe proteger, acabou não conseguindo desviar a tempo da investida de Oros, apenas dando tempo para colocar os braços na frente da face quando o gigante avançou contra si, lhe enterrando contra o chão de areia. O mago arregalou os olhos e sangue brotou de sua boca, tossindo freneticamente abaixo dos pés do inimigo, seus circuitos mágicos não eram muito fortes, sendo que era apenas da terceira linhagem de magos de sua família, mas tinha alguma resistência para não morrer neste ataque. Estava com a face virada para o lado, a visão estava nublando, quase perdendo a consciência pelo golpe.

— ...O-Ophid...

— Filho da puta.

— Waff---le-kun...

D20+7 acerto

D20+7 dano

Minha manobra não funcionou... é apenas minha sorte regular em ação.

Mas eu estou contanto bem: essa é a segunda vez que Hubun tenta me matar e dessa vez foi pra não deixar nenhuma duvida de que é essa mesma é a sua intenção.

Fick essas algemas.

~Evasiva ao míssil de Hubun: 1/2 AP
D20 + 3

Eu me joguei o mais longe possível da explosão e: Nossa!

Isso foi lindo. Igualzinho aos filmes! Acho que eu podia ter saltado fazendo pirueta, mas não pensei nisso na hora, não estava num bom momento pra brincar assim.

Levanto-me de joelhos e olho pra trás pra ver o cenário pós-explosão e sou surpreendido por Yan vindo em minha direção. Mesmo ele estando em estado ainda mais lastimável agora, aquele cão estupido ainda insiste em me perseguir! Mas talvez eu seja capaz de finaliza-lo de uma vez por todas e agora mesmo.

- Arrg! - Eu não evitei seu ataque, ao invés disso meu me projetei para frente entregando meu ombro esquerdo para as presas de Yan que me mordia ferozmente.

- Agora vê se é bom pra você também! - Em retribuição eu ataco o pescoço de Yan com meus próprios dentes. Só espero que o gosto dele não seja tão grotesco quanto sua aparência.


E vou puxar pra arrancar um pedaço e cuspir de volta pra ele.


Tenho pressa. Quanto antes eu matar esse animal, mais cedo por me concentrar em fugir.