Meia Floresta

Pelo lado de fora da prisão é possível ver uma meia floresta, acessível, após sair do saguão por uma porta lateral.

*Aquilo parecia ser uma realidade que ele iria abandonar a partir daquele momento, realidade essa que agora soava apenas como um sonho do rapaz ruivo que parecia estar totalmente inerte naquele chão, havia surgido do nada, a quem diga vindo do nada... Onde estava?*

-... -Durante seu sono ele conseguia ter acesso as ultimas memorias que tinha em vida, só que de forma mais fantasiosa por justamente se tratar de um sonho onde tudo era visto apenas em fundo vermelho e as demais coisas em preto com leves traços também rubros para identificar melhor o que cada coisa é. Naquele lugar que parecia ser o topo de uma montanha estavam ele e mais alguém, seus cabelos eram compridos, mas a falta de traços não deixava a visão mais precisa; ao menos ela era o suficiente para identificar a outra figura como alguém menor que o ruivo que se posicionava para enfrentar aquele adversário.

-... -A luta feroz acontecida, um confronto entre espadachins que faziam soar o eco das laminas, o jorrar do sangue que estava tingido de negro, cada esquiva, cada ofensiva, tudo parecia ser uma pintura em um quadro escarlate, era até mesmo possivel ver os detalhes da "tintura" quando os movimentos seguiam, era como um passar discreto de pincel que acompanhava cada ação e reação, tudo na mais perfeita sincronia. O que parecia ter durado horas se resumia a minutos na vida real, 5, talvez 10 ou 15, minutos esse que se encerraram quando o rapaz acordou após ter perdido aquele confronto, seu oponente havia desviado de seu golpe com um salto e executou um corte de cima para baixo que cortou o peito do sonhador fazendo lançar seu sangue escuro enquanto ele caia para trás, mas ainda assim não se rendia, ousava firmar os pés para não cair e nisso foi finalizado... Apenas um golpe de atravessar de lamina em seu coração, aquilo chegava a doer verdadeiramente no peito apenas de ser uma fantasia, seu corpo caia, perdia a vida ficando sobre o assassino que se moveu então o derrubando, o corpo virava, o olhar encarava o céu de cor diferente e a mascara que cobria aquela face ia mudando de cor, o branco em meio aquele vermelho e preto e assim, enfim, ele despertava.

-Maldição... -Murmurou e moveu a canhota e deixou as costas repousadas sobre a testa. Começou a olhar para aquele céu que parecia tão diferente daquele que costumava olhar e suspirou.

-Que lugar é esse? -Se levantou aos poucos podendo sentar-se naquele gramado. Bateu nas roupas e levou ao mão ao peito buscando confirmar algo.

-Parece que estou vivo... O que diabos aconteceu? -Olhou para o lado e viu sua espada embainhada, tratou então de pega-la e pode sentir seu peso maior do que era acostumado e por isso franziu os lábios em sinal de desconforto.

-Minha força diminuiu também, mas, porque? -Ajeitou-se para se erguer definitivamente e anexou a arma a cintura onde do lado oposto havia um pequeno saquinho preto que ele acabou percebendo.

-Parece que eu vou realmente precisar disso, quem diria. -Pegou o saquinho e o abriu para pegar o que tinha dentro e depois o deixou no lugar onde achou, o item era apenas uma bola de tênis já bem velhinha.

-Terei que limpa-la, mas até lá... "Vejamos, será que aquilo ainda funciona?" -Jogou a bolinha no chão e ela quicou de volta para sua mão, fez isso mais algumas vezes até repentinamente decidir joga-la contra uma arvore próxima, e dito e feito, a bola acertou o tronco e voltou velozmente contra o espadachim que já havia se preparado para aquilo.

-...! -O olhar atendo captou o objeto vindo contra o rosto como se estivesse em câmera lenta, nisto, bastou o ruivo mover seu corpo desviando daquilo que passou direto.

"-Funciona..." -A bolinha então bateu em outra arvore e voltou com ainda mais força e velocidade acertando atrás da cabeça do mascarado que apenas tombou a cabeça para frente.

-Mas ainda assim, preciso voltar a praticar... -Ergueu a mão e pegou o item que iria cair e novamente bater em sua cabeça. Depois de pegar, acabou sentindo alo estranho que o fazia olhar para uma direção supostamente aleatória.

-Aquele lugar, parece que existem pessoas fortes lá dentro, ainda assim... "Essa sensação, acho que devo segui-la antes de conferir aquela construção, vendo daqui parece uma prisão, mas como não sei onde estou, todo o cuidado é pouco, preciso manter cautela mesmo seguindo para uma possivel cilada." -Com tudo decidido, seguiu adiante seguindo seu lançamento com a bolinha, era como uma brincadeira, lançar ela e depois desviar dela, aquilo o fazia lembrar-se de seu pai que fazia isso consigo, como uma especie de treinamento.

MDT - Mata Fechada